Os meus amigos não acharam que eu deveria ter vergonha por me proteger com material militar. Acolheram o capacete como o melhor dos recipientes de recolha assegurada de água dos prédios bombardeados. Receberam-me como a proprietária da uma mais valia, retirando-me a propriedade da mais valia, no mesmo momento. E eu contente.
Com o colete anti-fragmentos foi diferente, deixámo-lo na televisão porque não poderíamos emprestar a uma das crianças ou mulheres, a um dos escritores ou a um dos resistentes. Fomos todos para a rua sem proteção. Era o objetivo: que eu me sentisse nua como todos os habitantes de Sarajevo. Assim, fomos para a ruína de um prédio, na fila da cave, e eu era a sexta pessoa. Deu para verificar os recipientes dos que estavam à minha frente. Havia uma garrafa de plástico com um furo de bala escondido a adesivo de garagem ou de canalizações.
Eu cogitava: esta água chega toda contaminada a estas ruínas, e nem os recipientes podemos ter esterilizados? Esterilizados? Ah...Ah...dei comigo a rir alto e os outros a olhar para trás como se os executasse...quase....uma rajada de Ak 47 varreu a parede exterior do prédio em ruínas
De cócoras, agarrei a criança da minha frente e mostrei-lhe o capacete, fui buscar os pingos lentérrimos que se enferrujavem só de pensar em cair... mas quando passei o meu capacete àquela criança, eu estava pronta para discutir política com os assassinos de serviço em Sarajevo. Tive direito a um chefe de milícia e alguns milicianos executantes, mas o ato valeu-me a entrevista.
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