Um dia, a Rádio Renascença quis fazer-me uma surpresa, sem perceber que seria a pior coisa a fazer a uma jornalista numa cidade cercada na guerra dos Balcãs. Eu enviei a minha crónica diária e, no fim, amavelmente, anunciaram-me que tinham a minha mãe e a minha filha em conferência, à espera, para falarem comigo. O pior de tudo é que, as minhas Martas, já tinham ouvido a crónica...
Raciocinei e tentei disfarçar e dizer que estava tudo bem, não me faltava nada, era um prazer saber das coisas da escola da minha filha. E não...não havia problema nenhum no sítio onde estava, no escritório de transmissões da EBU. A filha insistia para eu voltar deprepressa.
Eis se não quando começam os vidros a estilhaçar, as bombas a cortarem as comunicações, o pessoal aos gritos... eu nem tive tempo para sossegar a mãe e a filha, porque a ligação foi abaixo.
Há guerra difíceis e surpresas...não gosto.
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