Faziam uma reportagem para a France 3, para o programa "Pièces à conviction".
Assim, este post, para honrar a memória de Bettencourt Resendes, honra também todos os que sacrificam tudo em prol da liberdade de informação e da informação tout court assim como os que promovem a liberdade nos Media.
Graças a chefes de redacção e directores como Mário Bettencourt Resendes, pude (decerto como outros jornalistas no país e no mundo) partir para a guerra sem quaisquer outras credenciais que o lirismo, a utopia e uma vontade de ferro.
Mário Rettencourt Resendes não só acreditou em mim, na altura, uma miúda em termos profissionais, como montou uma operação com outros jornalistas em Belgrado e em Paris para cobrir a insensatez do Conflito nos Balcãs. Eu era uma outsider.
Não duvidou em dar-me manchetes e centrais do DN, que partilhei com jornalistas credenciados que, ainda hoje, não sabem a que ponto os admiro.
Sublinho: não vinha de lado nenhum, exceptuando uma rádio não homologada, vulgo pirata (com óptima direcção de um grande jornalista), o CENJOR (grande Marquês de Almeida) , a Radiogeste (querido Henrique Garcia) e Lusa.
Mas o Mário Bettencourt Resendes (DN) e o Jorge Morais (do saudoso Tal e Qual) fizeram as credenciais e carimbaram-nas para que eu passasse os check points.
Eles, simplesmente, assinaram por baixo e publicitaram, tão positivamente que é impossível descrever, a aposta numa jovem jornalista que queria decifrar o ilogismo da guerra.
A loucura dos guerreiros continua indecifrável, mas os jornalistas continuam a fazer a ponte entre os abusos silenciados aos povos e a consciencialização dos membros da comunidade internacional em organizações ou Estados com algum poder.
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Mário Bettencourt Resendes tinha apenas 58 anos de idade, mas travou muitas batalhas e foi um vencedor por natureza. Tranquilamente, lá deve estar sentado numa núvem a sorrir como um menino "corisco mal-amanhado lá da ilha dos japoneses".
A Naná (Natália Correia) lá há-de estar a arrancar-lhe as asas... Bem Hajam os Poetas e os Jornalistas...
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