quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Diamantes de Mugabe
Estabelecido em 2002, o Processo Kimberley é uma iniciativa governamental, da indústria internacional de diamantes e da sociedade civil, apoiada pelas Nações Unidas, a fim de conter o fluxo internacional de diamantes dos conflitos. O Processo é um sistema inovador e voluntário que impõe extensas exigências aos participantes para certificar que os envios de diamantes brutos não contêm diamantes de sangue.
Mas os países membros, principalmente os africanos, deixam passar algumas violações de direitos humanos nas autorizações de venda, como no caso do Zimbabué.
O país de Mugabe está envolvido em mortes e violações dos direitos humanos na mina de Marange, a Leste, nomeadamente através do recurso a trabalhos forçados sob supervisão do Exército. Mas, depois de "clarificados os problemas", pelas autoridades nacionais, foi permitido o primeiro leilão autorizado pela entidade reguladora internacional.
O Zimbabué estava submetido a um embargo do Processo de Kimberley, devido às acusações de tráfico aos dirigentes políticos, bem como mortes nas explorações diamantíferas governamentais no Leste do Zimbabwe.
Embora o país tenha sido ilibado das suspeitas no início deste mês, poderosos membros do organismo internacional, nomeadamente a Austrália, a Bélgica, o Canadá, Israel e os Estados Unidos da América, continuam opostos à concessão de uma autorização ao Zimbabué para a comercialização dos seus diamantes.
No entanto, numa reunião de crise do órgão de supervisão da comercialização, organizada em Israel, esta semana, a maioria dos membros votou a favor da autorização da comercialização dos diamantes zimbabuanos.
Os responsáveis afirmaram que os poderosos membros do orgão de supervisão foram vencidos na votação pela maioria e que os países africanos levam a cabo um combate pelo apoio a favor do Zimbabué.
A autoridades de Harare recusam atribuir concessões de exploração diamantífera a empresas estrangeiras em benefício das empresas nacionais.
A atenção do mundo voltou-se para a questão dos chamados diamantes sujos e de sangue durante os brutais conflitos na Serra Leoa, que se iniciaram no fim dos anos 90 e terminaram em 2002. Calcula-se que durante aquele período, os diamantes de sangue representavam aproximadamente 4% por cento da produção mundial de diamantes.
O Processo Kimberley reduziu o fluxo dos diamantes de sangue consideravelmente para menos de 1 por cento da produção global de diamantes. Os participantes do Processo Kimberley somam aproximadamente 99.8 por cento da produção mundial de diamantes brutos. Como resultado, hoje, através da inspecção e verificação da fonte, praticamente todos os fornecedores de diamantes estão em áreas livres de conflito.
A questão dos diamantes do Zimbabué tem contornos diferentes: o da exploração da população para enriquecimento dos dirigentes e manutenção destes no poder.
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