terça-feira, 10 de abril de 2012

Quem é quem numa guerra urbana


Nem queria acreditar que, naquele sangrento ano de 1994, no escritório de transmissões da EBU na tv bósnia em Sarajevo, cheio de gente, um homem estava alheado de tudo a afiar e verificar a lâmina da sua faca do mato. E, mea culpa, confesso que também só reparei nele quando procurei o mapa da cidade sitiada que me indicaram estar "naquela" parede.
Quem é, quem não é... "CNN", disse um dos fixer's bósnios com ar de desprezo... "veio para afiar a faca".
Os imensos escritórios tomados pelos americanos (espaço da antiga direção) ficavam na ala oposta dos nossos humildes e minúsculos aposentos europeus.
Era irónico que o técnico que instalou as antenas para as perguntas ao surpreendido Clinton, no telhado, fosse o mesmo que precisava refugiar-se para afiar, estranha e silenciosamente, a sua faca.
Quando consegui obter algumas respostas, ele não foi muito eloquente, apesar do inglês texano: "- Como raio pensas que instalo cabos mais depressa que me chega a bala?"
Depois, levou-me ao telhado. Tinha um passe que balbuciou aos guardas da porta para o exterior e, imediatamente, corremos para uma das torres/chaminés do centro. O vigia estava fortemente armado e aconselhou-me a partir nos 5 minutos seguintes. Fui-me embora sozinha e fechei a porta das escadas de serviço no momento em que recomeçou a troca de tiros.

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