
Nem queria acreditar que, naquele sangrento ano de 1994, no escritório de transmissões da EBU na tv bósnia em Sarajevo, cheio de gente, um homem estava alheado de tudo a afiar e verificar a lâmina da sua faca do mato. E, mea culpa, confesso que também só reparei nele quando procurei o mapa da cidade sitiada que me indicaram estar "naquela" parede.
Quem é, quem não é... "CNN", disse um dos fixer's bósnios com ar de desprezo... "veio para afiar a faca".
Os imensos escritórios tomados pelos americanos (espaço da antiga direção) ficavam na ala oposta dos nossos humildes e minúsculos aposentos europeus.
Era irónico que o técnico que instalou as antenas para as perguntas ao surpreendido Clinton, no telhado, fosse o mesmo que precisava refugiar-se para afiar, estranha e silenciosamente, a sua faca.
Quando consegui obter algumas respostas, ele não foi muito eloquente, apesar do inglês texano: "- Como raio pensas que instalo cabos mais depressa que me chega a bala?"
Depois, levou-me ao telhado. Tinha um passe que balbuciou aos guardas da porta para o exterior e, imediatamente, corremos para uma das torres/chaminés do centro. O vigia estava fortemente armado e aconselhou-me a partir nos 5 minutos seguintes. Fui-me embora sozinha e fechei a porta das escadas de serviço no momento em que recomeçou a troca de tiros.
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