Não a eutanasiam porque fazem chantagem connosco (que amamos os animais e não os queremos em sofrimento) e a condenariam a um longo caminho até à morte. Deixam-me pagar em três vezes, sem saber se o anzol já perfurou o estômago e atingiu o diafragma. Pode morrer na operação, mas eu tenho de pagar na mesma. Só que, prometo: vou apresentar a conta à Câmara de Écully, que fez um lago num parque da Escola do Paul Bocuse (aqui perto) e permite que os pescadores de fim de semana lá passem as tardes com a cana de pesca. Eu pensava que os franceses tinham alguma cultura...mas parece que se ficou pelos anos 60. Agora há pescadores nos jardins públicos. Espero, pelo menos, que seja um anzol de ouro... à Paul Bocuse.
Terminou a cirurgia, às 2:06 h. Noite decisiva....o anzol estava há tempo de mais no fígado e ela, selvagem, não se queixou...a operação durou tanto tempo, mexeram tanto e levou tanta morfina que, agora, ainda há o risco da crise cardíaca. Mas como tem apenas 3 anos...Eu perdi muitos entes queridos, irmãos, primos, amigos e companheiros de quatro patas pelos quais paguei prolongamentos de vida de qualidade. Esta vai viver com metade de um anzol numa parte do fígado, já envolvida em brida, numa cicatriz que ela não denunciou. A minha parte está feita: ou vive ou não. Eu vou mantê-la em cuidados intensivos mais 15 dias, como decidido com a médica. Obrigada pelos votos e força dos amigos. Aceito contratos para cantar à hora, pós-laboral sobretudo, com viola e guitarra: jazz, espirituais e blues. Mas também aceito donativos: diretos para a clínica, para a ficha da Mitzie, claro. E sim, não tenho vergonha nenhuma de amar perdidamente a minha família, os meus amigos e os meus animais.
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