quarta-feira, 1 de junho de 2011

Testemunhos de Srebrenica

MJC p/ a euronews 

Quando as forças sérvias da Bósnia lideradas por Ratko Mladic entraram no enclave de Srebrenica, em julho de 1995, Fadila Efendic juntou-se aos milhares de civis que se refugiaram na base da ONU em Potocari, nos arredores da cidade, à procura de proteção dos soldados estrangeiros. Mas os capacetes azuis abstiveram-se de intervir para salvar os civis.
 
Pouco depois de chegar, o chefe militar sérvio Mladic ordenou a detenção das mulheres numa fábrica, mesmo ao lado da base da missão holandesa da ONU.
  
Fadila Efendic testemunha:
 
"- Parecia omnipotente. Era um soldado a decidir quem ia viver e quem não ia. Foi ele que condenou à morte os nossos homens e os nossos meninos. Ordenou aos soldados que os matassem todos. Mas se o quisessem realmente julgar, já o tinham prendido há 16 anos"
 
 
Os indivíduos do sexo masculino dos 14 aos 65 anos de idade foram condenados. Eram entregues doces aos meninos mais pequenos, enquanto que os outros eram reunidos e executados.
  
Kadira Gabeljic, perdeu o marido e filhos:
 
"- Há 16 anos que procuro os meus filhos. Recuperei o cadáver do meu marido, mas onde estão os meus filhos? só apareceu a cabeça e uma das pernas do meu filho mais velho. Do pequeno, só recuperei uma perna e parte da outra. Vou ter de esperar anos, talvez morra antes de ter conseguido recuperar os cadáveres inteiros."
   
A imagem de um dos meninos que correu para o homem que distribuiu chocolates ficou célebre. Izudin Alic, que hoje trabalha na construção civil e faz sandes num restaurante, não percebeu, na altura, que estava a ser salvo de um trágico destino.  
 
"- Lembro-me da barra de chocolate. Eu e outros miúdos fomos ter com Ratko Mladic porque ele estava a distribuir chocolates."
 
 
O genocídio de Srebrenica levou à demissão do Governo holandês, em 2002, depois da divulgação de um relatório que sublinhou a sua incapacidade de meios da missão holandesa.
 
  
O massacre de Srebrenica aconteceu um ano depois do massacre do Ruanda. Está nos ouvidos de todos a afirmação do secretáro-geral da ONU a repetir: "genocídio, nunca mais". Mladic é apenas um dos rostos de uma enorme indiferença de toda a comunidade internacional.  

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