A Toyota retomou, na passada segunda-feira, a produção de veículos híbridos no Japão. O construtor automóvel nipónico encerrou as 18 unidades de montagem no país na sequência do terremoto e do tsunami de 11 de março, assim como outras unidades de fabricação de motores e de componentes.
Este trabalhador não sabe se vão ter todas as peças para retomar a produção mas já fica contente se a fábrica permanecer aberta. Outro interroga-se apenas quanto ao futuro.
A situação no Japão obrigou a Toyota a encerrar outras fábricas através do mundo como a de San Antonio, nos Estados Unidos, devido a problemas de fornecimento. A quebra total na produção da marca deverá atingir os 140.000 veículos.
A produção do Prius, do CT200h e do Lexus HS250h foi retomada nas fábricas de Tsutsumi e de Kyushu mas será de novo suspensa por um dia na quarta-feira. O primeiro construtor mundial adiou entretanto o lançamento do Prius wagon e do Prius minivan agendados para finais de Abril.
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Economia afetada no Japão
Historicamente, nenhum país sofreu tantas catástrofes em tão pouco tempo como o Japão: um sismo, um tsunami, uma crise nuclear...não há dúvida de que o país precisa de tempo para se reerguer. Principalmente em termos de dívida pública, que atinge 200% do PIB. O crescimento já era negativo antes da sucessão de desastres.
Muitas fábricas e empresas desapareceram do mapa, e a produção de diferentes setores está afetada. O governo avisou que o que aconteceu vai ter um garnde impacto económico.
Calcula-se que a fatura da reconstrução ascenda a 180 mil milhões de dólares, o que representa 3 a 5% do PIB, mais de 80 mil milhões do que no sismo de Kobe.
Reconstruir cada central tem um custo de 5 mil milhões de dólares.
A produção industrial pode retroceder entre 5 a 25% este ano.
O tsunami devastou a costa do Pacífico, principlamente na região de Tohoku, com uma participação de 8% do PIB desta terceira economia mundial, e de Kanto, que abrange toda a metrópole de Tóquio. Aqui fala-se de 40% do PIB.
Com o setor nuclear em plena crise, as necessidades energéticas do país não estão garantidas, e a situação pode prolongar vários meses.
A interrupção da produção industrial começa a notar-se. Muitas indústrias prevêem a falta de peças para fornecimento, com a consequente repercussão no estrangeiro. Os fabricantes nipónicos fornecem 40% dos componentes eletrónicos à escala mundial.
A reconstrução vai obrigar os japoneses a repatriarem os fundos investidos no estrangeiro, que em 2009, representavam 59% do PIB.
Outro fator de incerteza suplementar diz respeito à recuperação mundial.
A China pode vir a sofrer efeitos colaterais da catástrofe. O Japão é a primeira fonte das importações da China. No ano passado atingiram 177 mil milhões de dólares.
Apesar de tudo, alguns economistas lembram que as grandes tragédias podem ser um fator importante na hora da recuperação económica: os trabalhos de reconstrução multiplicam a procura.
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O Japão pode vir a nacionalizar a companhia Tokyo Electric Power, proprietária da central nuclear de Fukushima. O futuro da empresa, conhecida por TEPCO, tem sido incerto depois da tragédia de 11 de março. O sismo e o tsunami afetaram gravemente a central nuclear e provocaram fugas de radiação, cortes energéticos e evacuações de localidades inteiras. Face aos custos que se agigantam e à fúria dos populares, o governo japonês começa a avaliar a hipótese de nacionalizar a companhia.
Por outro lado, a TEPCO viu o seu valor bolsista derreter desde o dia 11 de março. As ações da companhia desvalorizaram 74 por cento. A bolsa de Tóquio suspendeu entretanto a transação dos títulos da energética.
Apesar das declarações do ministro delegado à Estratégia Nacional, Koichiro Gemba, que avançou a hipótese da nacionalização, no discurso oficial do governo esta não é uma questão urgente. A prioridade continua a ser a gestão da crise nuclear.
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Carros importados do Japão sofrem testes de radioatividade, uma medida para sossegar os consumidores.
É pelo menos essa a posição da Nissan de Taiwan que decidiu verificar os níveis de resíduos nucleares nos automóveis vindos do Japão, de forma a garantir risco zero para os potenciais compradores.
Um dos porta-vozes da construtora automóvel explica que estão a concentrar os testes nos sítios mais tocados pelos condutores, seis áreas que são mais frequentemente usadas pelos automobilistas e passageiros como é o caso dos puxadores.
Toyota, Honda e Nissan esforçam-se no entanto por garantir que os seus carros exportados não estão contaminados.
Os responsáveis afirmam que todas as unidade de produção estão distantes dos reatores – exceto por uma fábrica de motores da Nissan que se encontra em Fukushima.
Administrador da Nissan Motor, Carlos Ghosn, visitou ontem esta fábrica e declarou que a companhia retoma as suas atividades de produção só partir de meados de abril.
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O governo japonês impõe novas medidas de segurança em todos os reatores nucleares do país. O objetivo é evitar as falhas em série que se têm verificado em Fukushima Daiichi, onde estão a ser estudadas novas respostas às fugas radioativas.
Para reduzir essas emissões, os reatores poderão ser selados. Já para evacuar a água contaminada poderá ser usado um reservatório em terra ou um navio-cisterna no mar.
A alguns quilómetros desta central, uma outra começa a preocupar. Um porta-voz da agência nipónica para o nuclear revelou que foi visto fumo a sair do reator número 1 de Fukushima Daini.
O sismo e o tsunami fizeram mais de dez mil mortos e cerca de 17500 desaparecidos, de acordo com o último balanço oficial. A localidade de Minamisanriku, é uma das mais despojadas. Aqui morreram 400 pessoas e há 800 desaparecidos. Dez mil ficaram sem casa.
É o caso de Kazuaki Stou, um pescador de 30 anos. Conta que todas as noites, sonha com a vida antiga quando vivia em casa com a família. Quando acorda, apercebe-se que era um sonho e que a família foi levada pelo tsunami.
Entretanto, a agência internacional de Energia Atómica admitiu que a situação na central de Fukushima continua muito grave e marcou uma reunião sobre a segurança nuclear para Junho.
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Os imperadores do Japão visitaram um centro de refugiados do sismo e do tsunami. O imperador Akihito, de 77 anos, e a imperatriz Michiko, de 76, deslocaram-se ao Nippon Budokan, uma das mais conhecidas salas de concertos do Japão, agora convertida num abrigo para 300 pessoas.
Trata-se do primeiro face a face com os refugiados desde que a terra tremeu a 11 de Março. O imperador já se tinha dirigido pela televisão aos japoneses para lhes transmitir coragem, naquele que classificou como "desastre de uma escala sem precedentes".
Vestidos de maneira informal, em tons escuros, o casal falou com algumas pessoas. Um encontro raro que relembra as visitas feitas após os sismos de Kobe, em 1995, e Niigata, em 2004.
Tóquio abriu três centros de refugiados, onde se encontram cerca de 600 pessoas. Centenas de milhares continuam em abrigos temporários por todo o país.
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Japão continua sob a ameaça nuclear
No mar ao largo de Fukushima foi encontrada iodina radioativa com índices cerca de 3 mil vezes mais que o estipulado pela lei. Os trabalhos para conter as radiações na central nuclear deixam a descoberto erros praticamente constantes. O governo japonês admitiu que as medidas em vigor são insuficientes para impedir os danos causados pelo sismo e pelo tsunami.
Um responsável da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão afirmou:
"As pessoas não bebem água do mar. Com as correntes, o material radioativo dissipa-se rapidamente. Como a iodina 131 tem uma vida média de oito dias, mesmo que seja encontrada uma alta concentração de material radioativo nos produtos vindos do mar, quando forem consumidos os níveis terão baixado consideravelmente".
As costas das províncias de Aomori, Iwate, Miyagi e Fukushima foram as mais afetadas e onde se registam a maior parte dos 11 mil mortos e mais
de 17 mil desaparecidos confirmados no desastre de 11 de março.
O maremoto inundou 443 quilómetros quadrados nas quatro províncias, sendo que um quarto deste território estava ocupado por áreas comerciais e residenciais.
Na aldeia de Rikuzenkata mais de 75 por cento dos edifícios desapareceram e 40 por cento da população morreu ou está desaparecida.
"Não nos vamos recompor tão cedo, mas todos temos de fazer a nossa parte para voltar ao normal", disse um sobrevivente da aldeia.
A França e os Estados Unidos já enviaram técnicos para ajudarem a resolver a gravíssima crise nuclear da central de Fukushima e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, desloca-se a Tóquio quinta-feira.
quinta-feira, 31 de março de 2011
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