quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Khodorkovsky: sentença adiada


Era para se saber, hoje, algo mais sobre o destino de Khodorkovsky, mas o Tribunal de Moscovo afixou um papel, sem qualquer explicação, a anunciar o adiamento da sentença para dia 27. Talvez na esperança que a opinião pública se apazigue. Pela minha parte, cá estarei, dois dias depois do Natal, a lembrar o processo...
O multimilionário mais rico do país, recusou o exílio, aos 39 anos. Por issso, de repente, viu-se a braços com seis acusações gravíssimas que ele estava convicto de poder resolver. Mas quando o processo estava quase no fim, em 2005, os Media irtonizavam em toda a Rússia: M. Khodorkovsky foi condenado a escutar o veredicto de pena perpétua. O homem ficou sozinho face â máquina de Estado aliás, os russos estão convencidos que o processo é teleguiado pelo Kremlin.

O "Kommersant-Vlast de Moscovo escrevia, no início do mês, sobre o assunto:

"(...) considerando que o objectivo principal dos juízes do caso Iukos era simplesmente reeducar Khodorkovsky, ou seja, levá-lo a arrepender-se e aceitar viver segundo as normas da Rússia contemporânea: ama o teu senhor e mestre, não pronuncies o seu nome em vão, não invejes a sua casa e o seu escravo, nem o seu gado. Se adoptarmos este ponto de vista, o poder fez prova de uma paciência angélica (....). Não somente não se resolveu a isso como começou a dar entrevistas e a escrever artigos onde não clamava o amor por Putin, pelo contrário".

Relembrando o caso:

Há sete anos que Mikhaïl Khodorkovsky está preso, apesar de todos os protestos das associações de defesa dos direitos humanos na Rússia.
O caso é flagrantemente político, produto de um braço de ferro entre o milionário do petróleo e Vladimir Putin.
 
O segundo processo foi aberto em Março de 2009.
 
Mas, antes, já tinha sido condenado a nove anos de campo de trabalho na Sibéria com o associado, Platon Lebedev, por fraude e evasão fiscal.
 
Na altura, Khodorkovski beneficiava da política de abertura de Ieltsin, de quem foi conselheiro.
Em 1987, com fundos do Partido Comunista, tinha criado a primeira empresa de vendas de matérias-primas, que no ano seguinte se transformou no banco Menatep.
 
Em 1995, com as privatizações comprou ao Estado, a Yukos, uma grande companhia petrolífera. Na altura custou 150 milhões de dólares mas oito meses depois foi avaliada em 6,2 mil milhões de dólares.
  
A partir de 1999 começou a contratar no Ocidente os directores e chefes  para a Yukos directores no Ocidente, assim como pessoal para ocupar outros cargos de chefia.
Em Setembro de 2003 adquiriu os direitos de publicação do conceituado jornal Moskovskiye Novosti.
 
A 3 de Outubro desse mesmo ano, após várias tentativas falhadas devido à intervenção do Kremlin, foi concretizada a fusão da Yukos com a companhia Sibneft, criando a maior empresa petrolífera do país e a quarta maior do mundo.
 
Os problemas surgiram depois de ajudar financeiramente os partidos da oposição e quando já se adivinhavam algumas ambições pessoais .
 
 
Platon Lebedev e Mikhail Khodorkovsky foram detidos com alguns meses de intervalo, em 2003, depois de uma amarga troca de palavras numa reunião em que o então presidente Putin mostrou claramente ter intenção de interferir nos negócios do grupo.
 
A Iukos produzia, na época 20 por cento do petróleo na Rússia, ou seja, 2% da produço mundial.
 
Em 2004 as Finanças começaram por exigir três mil milhões de dólares de impostos por pagar, chegaram a 27 mil milhões de dólares e depois, por falta de pagamento, arrestou os bens da empresa e procedeu à liquidação.

Agora, tudo indica que, se Khodorkovsky não quiser entrar no "bom caminho" depois da possibilidade de expiar "os seus pecados" lá para 2017, perante a possibilidade de liberdade condicional, decerto um terceiro processo Khodorkovsky será lançado, aí sem apelo nem agravo.
 
 

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