segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Israel teme impacto da revolta egípcia na região

Maria João Carvalho com Sophie Desjardin para a euronews  

Os israelitas assistem impotentes, há duas semanas, à vacilação do regime com que contavam e em que se apoiavam na região. Confidencialmente o primeiro-ministro terá pedido aos aliados europeus e americanos para apoiarem Mubarak, mas discretamente.
 
Publicamente, Netanyaou lembrou que "a paz entre Israel e o Egito tem três décadas e é seu objectivo assegurar a continuidade destas relações".
 
Desde o início da contestação no Egito que Israel se angustia e isso tem sido evidente nos Media do país. A manchete do Haaretz, ontem, assinalava" Um novo Médio Oriente", refirindo o aumento do perigo.
 
O Egito é o país árabe que tem mais população. Foi o primeiro a assinar, em 1979, a paz com Israel, terminando com 30 anos de guerra entre os dois países. A Jodânia só o fez em 1994, depois dos acordos de Oslo. Mas Israel nunca conseguiu fazer o mesmo com os outros vizinhos árabes.
 
E mesmo a boa vontade de Oslo se perdeu com inúmeros obstáculos entre israelitas e palestinianos. 
Apesar da boa vontade do Egito, sempre num autêntico ballet diplomático entre os dois e, mesmo, a desempenhar o papel de bombeiro.
Com a chegada do Hamas ao poder, em 2006, Israel depositou todas as esperanças no Cairo, que não se poupou a esforços - apesar das relações de amizade entre o Hamas e os Irmãos Muçulmanos, a irmandade que, no Egito, defende um estado islâmico.
 
E é essa eventualidade que o estado hebreu teme.
Esta antiga organização islâmica inspirou muitos movimentos radicais islâmicos em todo o mundo, defende a aplicação da lei islâmica e afirma que o Islão é a solução. 
 
Neste contexto, a nomeação de Omar Souleiman como vice-presidente tranquilizou um pouco Israel, que o conhece bem de várias acções de reforço da segurança contra o Hamas. Se vier a substituir Mubarak o poder será assegurado e, com ele, a estabilidade. 
 
Um antigo embaixador de Israel no Egito analisa: 
 
"Se isto for verdade, se os generais dirigirem o país, não vislumbro quaisquer mudanças nas relações entre Israel e o Egito. Os generais do regime estão comprometidos com a paz, com as relações com os americanos e com o Ocidente. Mas a questão que se coloca é: o que acontecerá depois das eleições?".
 
É difícil saber em que resultará a revolta popular no Egito: o desconhecido provoca o medo. Com o Hezbollah a destabilizar o Líbano e a Turquia a afastar-se, Israel receia o isolamento. 

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