sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Importância geoestratégica do Egito

Os egípcios já não têm medo dos faraós nem do Estado de exceção, em vigor há 30 anos.
 
Até janeiro deste ano, nada ameaçava a continuidade de Hosni Mubarak (mas a revolta crescia há quatro anos) e agora, os  compatriotas dizem-lhe, de cara descoberta que largue o poder a que se agarrou em 1981.
  
 
O presidente, de 82 anos, dirige com mão de ferro este país de 82 milhões de habitantes, o mais povoado do mundo árabe, e principalmente, um federador político.
 
Em 2005 Mubarak tentou ganhar alguma  legitimidade democrática quando ganhou as primeiras eleições multipartidárias.
 
 
Militar, como Anwar Sadat, o antecessor assassinado em 1981 por radicais islâmicos, Mubarak tem o apoio do Exército, por isso a situação egípcia se diferencia da tunisina, onde o ditador deposto não tinha apoio militar - aliás, tinha decapitado a chefia do exército com um acidente de helicóptero em que morreram os chefes das três armas).
 
 
Em novembro passado, as eleições legislativas voltaram a dar uma esmagadora maioria ao partido do presidente, o Partido Nacional Democrata.
 
Mas a frágil saúde de Mubarak alimenta o rumor da  sucessão do filho, Gamal Mubarak, nas presidenciais de setembro de 2011.
 
 
 
Gamal Mubarak, de 47 anos, ocupa um posto dominante no partido Nacional Democrata, onde ganhou uma importância repentina, não tem o apoio do Exército e é muito impopular e contestado. É suspeito, pelo menos, de um homicídio.
 
Foi gestor do bank of America e foi o inspirador da liberalização económica iniciada em 2004, no Egito.

 
Proscrito mas tolerado pelo regime, o movimento dos Irmãos Muçulmanos não promoveu nem participou nos protestos, até hoje.
  
No entanto, Essam a o-Arian, porta-voz do grupo islâmico alerta:  
 
 
"Já tínhamos avisado que fechar as portas, falsear as eleições, eleger a dedo os líderes dos sindicatos, impedir aos estudantes de eleger livremente os representantes, ia criar uma situação que acabaria por explodir. "
 
 
O Cairo é um parceiro económico estratégico de Washington desde a assinatura dos Acordos de Paz de Camp David entre Israel e Egito, em 1978.
 
Em troca do reconhecimento do Estado de Israel, uma estreia no mundo árabe, o Egito recebeu milhares de milhões de dólares de Washington, desejoso de preservar o regime em nome da estabilidade geo-estratégica.
   

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