segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Em defesa da euronews

Martim Borges de Freitas - “Euronews” em português
Sexta, 27 Janeiro 2012 11:06


Hoje vou fazer um apelo. Socorro-me das palavras e da iniciativa do meu amigo José Ribeiro e Castro, que, em boa hora, lançou uma petição pública sobre o assunto. Assunto, esse, que é nacional. E, como veremos, apartidário. Trata-se de salvar o “Euronews” em Português. Face às graves dificuldades financeiras por que passa o Estado português, está em risco a continuidade do "Euronews" em Português a partir de 2013, pelo que urge apelar a todos os órgãos do Estado para aprofundarem todas as vias que permitam assegurar o financiamento sustentável da continuidade do Euronews em Português, bem como a sua consolidação e expansão por todo o mundo.
Criado em 1993, o "Euronews" é um canal de televisão visto em mais de 150 países, chegando a 350 milhões de lares. É emitido em 11 línguas diferentes em simultâneo, incluindo em árabe, russo, turco, ucraniano e persa. E tem ainda emissões locais, em tempo parcial, em romeno, sérvio e lituano.
O serviço em língua portuguesa iniciou-se em 1999, sendo, hoje, distribuído a 100 milhões de lares em todos os continentes. É visto em Portugal por 800.000 telespectadores por dia, mais do que a CNN, a Sky, a BBC. É ainda seguido em todo o mundo, nos países da CPLP, nas diásporas portuguesa e lusófonas e por todos os que querem seguir o português como língua estrangeira. Acresce que a equipa de língua portuguesa, composta por 33 jornalistas, dos quais 16 residentes, assegura mais de 8.700 horas de emissão anuais e os conteúdos do portal Internet e, para além da emissão geral, produz peças noticiosas com conteúdos de política, economia, desporto, sociedade, cultura, ciência ou informação geral, que são simultaneamente difundidas para todo o mundo em todas as diferentes línguas do canal. Ao fazê-lo, o “Euronews” põe Portugal no mundo inteiro. Tudo isto, no quadro de uma equipa editorial de 400 jornalistas de 20 nacionalidades, que comparam, analisam e debatem constantemente, evitando pontos de vista pessoais ou estritamente nacionais, tendo, antes, uma visão compreensiva, aberta a diferentes agendas e sensibilidades e de múltiplas fontes directas, e não um olhar apenas americano ou apenas inglês ou apenas francês. É neste sentido que o "Euronews" é tido como a montra informativa da Europa e da União Europeia, 24 horas por dia, 7 dias por semana, 365 dias por ano. Se é o veículo informativo oficial da União Europeia? É. Mas, quem o vê, tem também uma oportunidade para se familiarizar com o andamento da construção europeia. De resto, o “Euronews” é o canal internacional de informação preferido na Europa, na África e no Médio Oriente. É recebido em 181 milhões de lares na Europa, 68 milhões na América do Norte, 57 milhões na África e Médio Oriente, 27 milhões na Rússia, 8 milhões na Ásia/Pacífico e 2,5 milhões na América Central e do Sul. E é o canal de informação preferido das elites. Através dos diferentes meios de distribuição, é seguido todos os meses por 14 milhões de quadros de alto rendimento, de que milhão e meio vêem todos os dias os seus noticiários televisivos. O multilinguismo do canal é chave deste sucesso – segundo inquéritos internacionais e ao contrário das ideias feitas, apenas 39% das elites seguem programas informativos em inglês.
Assim, na competição linguística internacional, o “Euronews” multilingue, ao incluir a nossa língua, significa que o português é uma grande língua de comunicação internacional. Ele é, aliás, a terceira língua europeia de comunicação universal. Desaparecer do “Euronews” seria abdicar, não apenas da importância, mas de mais um meio de defesa da importância da língua portuguesa no quadro europeu e mundial. Língua portuguesa que poucos, durante muito tempo, andaram sozinhos a defender!
Não percamos o discernimento. Saibamos distinguir o que é importante do que é dispensável. Actualmente, o custo para Portugal da produção do "Euronews" em Português não chega a 2 milhões de euros por ano. Avalie o ouvinte a relação custo/benefício. Pondere. E se concluir o mesmo que eu, então assine a petição: http://www.peticaopublica.com/?pi=eunewspt.
Lisboa, 26 de Janeiro de 2012
Martim Borges de Freitas

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