O Brasil está em festa. Vive uma campanha eleitoral de exagerada euforia e auto-estima, gabando desmesuradamente a obra "petista"- de Lula - e minimizando os escândalos de corrupção em que, ainda há uns dias, se afundou o "braço direito de Dilma", Erenice Guerra e o filho, na Casa Civil do Planalto.
A candidata nomeada por Lula tem um carisma inegável, face ao economista José Serra, a quem todos sublinham o pouco carisma mas ninguém nega a obra como ministro da Saúde de Henrique Cardoso: o seu nome ficou ligado, inegavelmente, aos genéricos para a Sida. O ex-senador e governador paulista é conhecido no Brasil como tucano. Então, os brasileiros dizem, à boca cheia, que "o tucano está nervoso". E porquê?
Porque há uma terceira via, no Brasil: a candidata ecologista Marina Silva , ex-ministra petista que entrou em total desacordo com Lula por causa da política que ambiental, dos latifundiários e da Amazónia.
Marina também tem bandeira política. Não foi apenas Dilma que esteve em movimentos revolucionários e foi presa pelo antigo regime.Marisa cresceu em ambiente de seringueiros, a comunidade pobre entre as mais pobres que sangra a borracha na Amazónia. Deixou de ser analfabeta apenas aos 16 anos e era amiga de defensores da floresta amazónica como o malogrado Chico Mendes, o ambientalista assassinado quando a ONU começou a destacar a sua obra em prol da Amazónia e dos mais despojados.
Marisa, a herdeira desta mensagem de ecologia pura e conjugação com uma política de energia sustentável, pode decidir o futuro do Brasil numa segunda volta, ao dar os votos a Dilma. A Delfim de Lula também não aderiu ao Partido do chefe sindicalista há muito tempo. Entrou apenas em 2000, para co-preparar a candidatura. Veio da erquerda revolucionária armada e isso deve ser lembrado e não diluido como foi na presidência do homem que não dava entrevistas individuais para não ser apanhado em falso.
entretanto, no blog do professor paulista António Villa lê-se:
O caso envolvendo Erenice Guerra é exemplar. A negociação dos favores governamentais ocorreu dentro do Palácio do Planalto. Não conheço nenhum caso parecido na história republicana. O esquema PC-Collor não teve esta desfaçatez. Getúlio foi levado ao suicídio por fatos infinitamente menores. O "mar de lama" denunciado por Afonso Arinos, comparado com o que assistimos, não passa de brincadeira de criança. Mas nada de desespero: 2011 vai ser pior (aguardem a turma do "repartir o pão").
Não sendo tão pessimista quanto o Professor, tenho dúvidas quanto aos 28 milhões de pobres eliminados da vergonha social... que fizeram dos números dos novos pobres?
A cidade maravilhosa continua com esgotos a céu aberto e o perigo de apanhar com uma bala num fogo cruzado de gangs lá do Morro é bem real.
E os tucanos vingam-se e chama aos petistas petralhas.
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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