quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Pobre país sem lei, nem eira nem beira...

Em relação ao meu post de ontem, nem de propósito: na pausa de almoço fui a casa e "zappei" a tv enquanto fazia o almoço. A pobre mulher de um condenado a 23 anos de prisão por ter morto o pai (na sequência das desavenças em partilhas) falava do estigma que sofre, com toda a família, em Vila Verde, Chaves. Depois de um bocadinho, para minha surpresa, a "entrevistadora" Júlia não lhe perguntava nada sobre o recurso ou sobre o processo...não...só o espetáculo da desgraça de quem sofre "a prisão do lado de fora".
Pois, por aquilo que ouvi, Carlos e Isabel queixaram-se repetidamente à GNR e à PJ de violência doméstica e ameaças de morte por parte do irmão e do pai (cunhado e sogro da mulher do réu), no tempo que durou a contenda familiar e antecedeu o drama.
Numa das situações, Carlos sofreu, pelas mãos do irmão - vários ferimentos causados por arma branca; noutra situação a GNR apreendeu várias armas de fogo ao pai. 
Nada disto serviu de atenuante perante o magistrado que condenou Carlos a uma pena de prisão de 23 anos na sequência de novo ataque do pai, quando vinha do campo com uma foice na mão e, a quente, se defendeu e, surpreendido viu o atacante cair a sangrar.
Não compreendo. Por mais voltas que dê, não compreendo como é que múltiplas queixas de violência doméstica comprovadas não servem de atenuante num caso evidente de autodefesa.
É assim que vão terminar todos os casos de violência doméstica em Portugal enquanto os congeges ou filhos dos legisladores não sofrerem na pele o mesmo estigma? A mesma violência?
Pobre do meu país...

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