segunda-feira, 2 de maio de 2011

Luta contra o terrorismo: Paquistão com posição dúbia

de MJC com Miguel Sardo para a euronews  

Em 2001, os americanos tinham a certeza de que Osama bin Laden seria encontrado nas profundezas do sistema labiríntico de grutas de Tora Bora, no Afeganistão.
 
Mas o líder da Al Qaida foi executado no outro lado da fronteira, no Paquistão.
Foi descoberto numa cidade tranquila a menos de duas horas de carro de Islamabad. No caso de a execução ter sido feita com o conhecimento dos serviços secretos paquistaneses é como se o Estado tivesse delegado a Washington a operação.
 
 
Também no Paquistão, em Rawalpindi, já tinha sido caprurado, há 8 anos,  Khalid Sheikh Mohammed, o alegado responsável pelos atentados do 11 setembro.
 
 
Há um ano, o Mullah Biradhar, um dos principais comandantes dos Talibans e membro da Al Qaida, foi surpreendido em Karachi.
 
Os documentos secretos filtrados pela Wikileaks revelam que os serviços secretos paquistaneses estavam na lista norteamericana de organizações próximas da Al Qaida.
 
E apesar de Islamabad negar em reiteradas ocasiões qualquer vínculo à rede, as dúvidas em Washington persistem.
 
Tahir Ameen, , analista internacional:
 
"É possível que os serviços secretos paquistaneses pensem salvar a face com esta captura e morte de Bin Laden e melhorem as relações com os Estados Unidos".
 
As operações dos agentes da CIA no Paquistão, nos últimos meses, minaram as relações entre os dois países, apesar de uma promessa de apoio económico da secretária de Estado, Hillary Clinton.
 
Islamabad ordenou que todos os agentes dos EUA abandonem o território .. mesmo que o apoio de Washington seja vital para o exército paquistanês que  luta contra os grupos extremistas na fronteira afegã.
Há muitas críticas a nível interno sobre a operação dos Estados Unidos para capturar Bin Laden.
 
Murtaza GHULAM, advogado:  
"As forças estrangeiras não devem ser autorizadas a entrar no território paquistanês. Se um país realiza uma operação no interior do território, viola a nossa soberania. Não devemos dar autorização a ninguém para isso."
 
O crescente número de mortes de civis em ataques com drones (aviões não tripulados), como aconteceu na região paquistanesa da fronteira, alimenta um sentimento anti-americano.
 
A captura de Bin Laden pode ser encarada como uma concessão aos Estados Unidos, o que vai icendiar os ânimos nos grupos islamistas paquistaneses.

Bin Laden: troféu ou martir? 

MJC com Beatriz Beiras para a euronews

A captura e morte do homem mais procurado do mundo é, sem dúvida, uma importante vitória política para o presidente norte-americano. Mas, ao mesmo tempo, pode converter-se numa faca de dois gumes. Existe o risco de Osama Bin Laden se converter num mártir...
 
A verdade é que, desde 2005, a Al Qaida não conseguiu operar de novo no ocidente. Tudo indica que a rede terrrorista está muito debilitada, tanto do ponto de vista operacional como ideológico.
 
As revoluções que defendem a democracia no mundo árabe recusam os tiranos e opõem-se ao terrorismo. Em vez do governo islâmico que persegue AL Qaida, a população desses países defende uma uma sociedade civil e moderna que implicitamente esmague as aspirações dos extremistas.
 
No entanto, a rede terrorista continua a ser uma ameaça. Principalmente por causa dos muitos grupos regionais que proliferam por todo mundo árabe. Em 2004, apareceu o ramo iraquiano. Em 2007, o do Magreb Islâmico. E em 2009, o da península arábica.
 
A ramificação iemenita é a mais ativa dessa nebulosa terrorista, apesar de não atuar desde o início dos protestos para depor o presidente Abdullah Saleh. Mesmo assim, os Estados Unidos, consideram que é, de todos, o grupo mais perigoso.
 
Tentou atuar em várias ocasiões e é provável que continue a tentar. Na memória recente estão duas bombas escondidas em impressoras  enviadas do Iémen com destino aos Estados Unidos que, felizmente, foram intercetadas no Dubai e no Reino Unido.
 
 
 

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