quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Avós e histórias



Irreparável, a morte. Quando acontece aos pais dos nossos pais, às mães das nossas mães, não é mais irreparável do que é para todos os orfãos dos mortos com que nos deparamos no caminho das guerras, dos conflitos, da vida.
Só que aquela parte da história em que ligamos as recordações e as fotos a preto e branco às stars - nossas avós - dos anos 50 e 60, e ao mundo do surf, MP'3 e net dos nossos filhos, tropeça, esvazia-se de repente.
Essa parte da história, esse fio condutor que somos nós, os turistas de Portugal dos Pequenitos, meninos do Jardim-Escola João de Deus, Guias dos Escuteiros, internos dos Colégios pivados da elite católica (de castigo por mau comportamento)...desagrega-se. Há uma íntima e subliminar questão subjacenet à morte de qualquer avó:
-Sou eu agora? Ou por ordem estapafúrdia, outro qualquer parente? O meu irmão até morreu aos 29 anos de idade....
Quem vai explicar aos meus futuros netos como era um Baile no Coliseu Micalense? O que era um Carnaval na Assembleia Figueirense? Quem era essa avó com ares de Ava Gardner que acompanhava a filha da Viscondessa das Laranjeiras , deserdada por amor, por não ter casado com o prometido príncipe?
Como ligar o tio, aos três naos de idade, com a mãe, quatro e pouco, de chapéus de palha a brincar em frente a um lago de cisnes aos progenitores de mais algumas gerações?
Quem transmite a cor do movimento? As tardes de king na Piscina-Praia, as soirées do Casino e a Avó, irrepreensível nas próprias toiletes esempre com montanhas de ^novas toiletes de presente para os meninos e meninas da família.
Era linda, sem ares de avó, numa estranha família: a minha bisavó, que era também minha madrinha, era tratada carinhosamente por Meni.

1 comentário:

Anónimo disse...

Alegra-te, amiga. Poucas como nós tivemos destas Avós do coração, Avós de coração, Avós de perdição...
Abraço, M.Manel