segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A presidência do paradoxo

Eu sei, senhor Presidente, que o governo tem de pagar 13 mil milhões de euros no primeiro semestre do ano para não cair na alçada de um segundo resgate; sei que a Função Pública ativa é uma carga pesada e que não se deve tocar em aposentações por princípio.
Mas tenho fotografado, ao longo da última década, o parque automóvel de empresas como os CTT, a RTP, etc. Não compreendo porque é que os diretores destas empresas não podem deslocar-se em viatura própria ou em transportes públicos.
Eu não conduzo nem nunca conduzirei: gosto de caminhar, falar com as pessoas, ver as paisagens e ler muitos livros e jornais. Por isso, senhor presidente, eu não entendo a diferença entre o BMW privado e o BMW pago pelo Estado se o contribuinte tiver de pagar o do Estado (eu nem percebo o conceito de viatura de serviço...)
O contribuinte médio, que conheço, escolhe automóveis com ótima prestação e melhor preço - relação qualidade-preço. Porque é que não se legisla , neste país, para poupar, e legisla-se para facilitar a vida dos criminosos como os da Casa Pia? Como acha que explico isto aos meus camaradas de trabalho a nível internacional?
-Eu sei que o Sr. Presidente não é, na realidade, o bom destinatário destas perguntas todas. Mas eu sou monárquica e católica, estou habituada a dirigir-me ao Rei ou a Deus, pois pouco acredito em intermediários...
Sei que o Senhor Presidente prescindiu de uma reforma, assim como a Presidente da Assembleia da República; imoral é terem de escolher e não obterem aquilo que, pela lógica da média de ordenados aplicada deve ser auferido.
O meu irmão é Professor Catedrático com dois Doutoramentos, portanto, sei do que falo.
Não são as pensões de quem trabalhou com determinado ordenado que me choca; são os ordenados auferidos por quem não tem qualidades - além das que lhes são atestadas pelos amigos de família que me chocam; as dos empresários que votaram à venda, aos chineses e angolanos, as nossas melhores empresas. Porque são tratados com mordomias, se deviam estar na prisão? Na Islândia, os culpados pela crise estão a cumprir pena.
O Senhor Presidente foi muito amável comigo quando almoçámos na qualidade de primeiro-ministro e presidente da associação de jovens jornalistas. Já então o senhor me gabava a vontade de mudar o mundo pela positiva.  Há 14 anos que estou fora do meu país. Mas tenho família, amigos e estagiários, prontos para virar a mesa dos comensais de juros e  de salários pelo trabalho de outrém. Estamos todos cansados, senhor Presidente. Cansados de emendas na lei que apenas servem os grandes advogados.
Hoje, sofri o choque de ver as fotos de um condenado por violência doméstica, com pena suspensa, entregar o troféu de um jogo em prol de uma associação de luta contra a violência doméstica.
É o país a que preside, Senhor Professor. Meta mão nisto, sim?
 

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