O DN de 29 do mês que finda trazia, na página 18, uma notícia com o título "Menina abusada por 10 homens morre em clínica".
Para além da tristeza e do mistério que envolve a sua morte, registo aqui o meu espanto por causa de um dado importante que vem na notícia sobre os 10 violadores que a justiça portuguesa enviou para casa com a legislação socrática para predadores sexuais:
Foi durante 15 meses, de Julho de 2006 a Outubro de 2007, que tudo se passou, como ficou provado em tribunal. A menina de 12 anos, deficiente mental, foi violada por trabalhadores da construção civil, no concelho de Vila Franca, na ilha de S. Miguel, nos Açores. Cinco dos homens foram condenados a penas de prisão que variam de 4 a 6 anos, por ter ficado provado que concretizaram a cópula e tiveram sexo oral com a criança. Os outros cinco foram igualmente condenados, mas com pena suspensa. Três foram absolvidos e outro foi considerado inimputável.
Bem, quando chegamos a esta fase da leitura, já nos estamos a perguntar como é que ninguém ainda foi ao rabinho do legislador ou lhe violou um(a) filho(a).
Os homens acusados de praticarem atos sexuais com menor, que tinha problemas do foro mental (não esquecer), tinham entre 20 e 80 anos e molestaram a menina nas obras de uma urbanização.
Não vou entrar nos pormenores sórdidos, mas o estado da nossa justiça é tão mau que, depois da sentença idiota, entre 4 e 6 anos, alguns advogados ainda tiveram a lata de anunciar que iam recorrer da sentença. E, atenção, porque nenhum está a cumprir prisão.
Das duas uma: ou estavam, eles próprios, convencidos da injustiça para com a vítima e queriam mais uns anos de prisão para os clientes fazerem um bom retiro espiritual, ou deviam ir fazer um estágio sobre deontologia e ética.
Porque é absolutamente indecente que os violadores, em Portugal, aguardem os recursos em liberdade, depois da condenação a prisão efetiva. Eu tenho de explicar isso aos meus camaradas de trabalho numa redação internacional, tenho de repetir a explicação do que se passa com o processo Casa Pia a cada vez que sai uma notícia...e ninguém entende. Expliquem a um russo, a um inglês, a um francês....tentem explicar como é que um violador é condenado como um ladrãozeco de terceira categoria...
Como uma desgraça nunca vem só, a menina morreu no hospital, já com 16 anos, esvaída em sangue, num hospital de Lisboa. Estava institucionalizada.
Resta-me lembrar aqui a Ópera do Malandro de Chico Buarco e "Geni e o Zepelim"
http://www.youtube.com/watch?v=jsB--twZgng
quinta-feira, 31 de março de 2011
Resumo da situação no Japão
A Toyota retomou, na passada segunda-feira, a produção de veículos híbridos no Japão. O construtor automóvel nipónico encerrou as 18 unidades de montagem no país na sequência do terremoto e do tsunami de 11 de março, assim como outras unidades de fabricação de motores e de componentes.
Este trabalhador não sabe se vão ter todas as peças para retomar a produção mas já fica contente se a fábrica permanecer aberta. Outro interroga-se apenas quanto ao futuro.
A situação no Japão obrigou a Toyota a encerrar outras fábricas através do mundo como a de San Antonio, nos Estados Unidos, devido a problemas de fornecimento. A quebra total na produção da marca deverá atingir os 140.000 veículos.
A produção do Prius, do CT200h e do Lexus HS250h foi retomada nas fábricas de Tsutsumi e de Kyushu mas será de novo suspensa por um dia na quarta-feira. O primeiro construtor mundial adiou entretanto o lançamento do Prius wagon e do Prius minivan agendados para finais de Abril.
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Economia afetada no Japão
Historicamente, nenhum país sofreu tantas catástrofes em tão pouco tempo como o Japão: um sismo, um tsunami, uma crise nuclear...não há dúvida de que o país precisa de tempo para se reerguer. Principalmente em termos de dívida pública, que atinge 200% do PIB. O crescimento já era negativo antes da sucessão de desastres.
Muitas fábricas e empresas desapareceram do mapa, e a produção de diferentes setores está afetada. O governo avisou que o que aconteceu vai ter um garnde impacto económico.
Calcula-se que a fatura da reconstrução ascenda a 180 mil milhões de dólares, o que representa 3 a 5% do PIB, mais de 80 mil milhões do que no sismo de Kobe.
Reconstruir cada central tem um custo de 5 mil milhões de dólares.
A produção industrial pode retroceder entre 5 a 25% este ano.
O tsunami devastou a costa do Pacífico, principlamente na região de Tohoku, com uma participação de 8% do PIB desta terceira economia mundial, e de Kanto, que abrange toda a metrópole de Tóquio. Aqui fala-se de 40% do PIB.
Com o setor nuclear em plena crise, as necessidades energéticas do país não estão garantidas, e a situação pode prolongar vários meses.
A interrupção da produção industrial começa a notar-se. Muitas indústrias prevêem a falta de peças para fornecimento, com a consequente repercussão no estrangeiro. Os fabricantes nipónicos fornecem 40% dos componentes eletrónicos à escala mundial.
A reconstrução vai obrigar os japoneses a repatriarem os fundos investidos no estrangeiro, que em 2009, representavam 59% do PIB.
Outro fator de incerteza suplementar diz respeito à recuperação mundial.
A China pode vir a sofrer efeitos colaterais da catástrofe. O Japão é a primeira fonte das importações da China. No ano passado atingiram 177 mil milhões de dólares.
Apesar de tudo, alguns economistas lembram que as grandes tragédias podem ser um fator importante na hora da recuperação económica: os trabalhos de reconstrução multiplicam a procura.
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O Japão pode vir a nacionalizar a companhia Tokyo Electric Power, proprietária da central nuclear de Fukushima. O futuro da empresa, conhecida por TEPCO, tem sido incerto depois da tragédia de 11 de março. O sismo e o tsunami afetaram gravemente a central nuclear e provocaram fugas de radiação, cortes energéticos e evacuações de localidades inteiras. Face aos custos que se agigantam e à fúria dos populares, o governo japonês começa a avaliar a hipótese de nacionalizar a companhia.
Por outro lado, a TEPCO viu o seu valor bolsista derreter desde o dia 11 de março. As ações da companhia desvalorizaram 74 por cento. A bolsa de Tóquio suspendeu entretanto a transação dos títulos da energética.
Apesar das declarações do ministro delegado à Estratégia Nacional, Koichiro Gemba, que avançou a hipótese da nacionalização, no discurso oficial do governo esta não é uma questão urgente. A prioridade continua a ser a gestão da crise nuclear.
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Carros importados do Japão sofrem testes de radioatividade, uma medida para sossegar os consumidores.
É pelo menos essa a posição da Nissan de Taiwan que decidiu verificar os níveis de resíduos nucleares nos automóveis vindos do Japão, de forma a garantir risco zero para os potenciais compradores.
Um dos porta-vozes da construtora automóvel explica que estão a concentrar os testes nos sítios mais tocados pelos condutores, seis áreas que são mais frequentemente usadas pelos automobilistas e passageiros como é o caso dos puxadores.
Toyota, Honda e Nissan esforçam-se no entanto por garantir que os seus carros exportados não estão contaminados.
Os responsáveis afirmam que todas as unidade de produção estão distantes dos reatores – exceto por uma fábrica de motores da Nissan que se encontra em Fukushima.
Administrador da Nissan Motor, Carlos Ghosn, visitou ontem esta fábrica e declarou que a companhia retoma as suas atividades de produção só partir de meados de abril.
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O governo japonês impõe novas medidas de segurança em todos os reatores nucleares do país. O objetivo é evitar as falhas em série que se têm verificado em Fukushima Daiichi, onde estão a ser estudadas novas respostas às fugas radioativas.
Para reduzir essas emissões, os reatores poderão ser selados. Já para evacuar a água contaminada poderá ser usado um reservatório em terra ou um navio-cisterna no mar.
A alguns quilómetros desta central, uma outra começa a preocupar. Um porta-voz da agência nipónica para o nuclear revelou que foi visto fumo a sair do reator número 1 de Fukushima Daini.
O sismo e o tsunami fizeram mais de dez mil mortos e cerca de 17500 desaparecidos, de acordo com o último balanço oficial. A localidade de Minamisanriku, é uma das mais despojadas. Aqui morreram 400 pessoas e há 800 desaparecidos. Dez mil ficaram sem casa.
É o caso de Kazuaki Stou, um pescador de 30 anos. Conta que todas as noites, sonha com a vida antiga quando vivia em casa com a família. Quando acorda, apercebe-se que era um sonho e que a família foi levada pelo tsunami.
Entretanto, a agência internacional de Energia Atómica admitiu que a situação na central de Fukushima continua muito grave e marcou uma reunião sobre a segurança nuclear para Junho.
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Os imperadores do Japão visitaram um centro de refugiados do sismo e do tsunami. O imperador Akihito, de 77 anos, e a imperatriz Michiko, de 76, deslocaram-se ao Nippon Budokan, uma das mais conhecidas salas de concertos do Japão, agora convertida num abrigo para 300 pessoas.
Trata-se do primeiro face a face com os refugiados desde que a terra tremeu a 11 de Março. O imperador já se tinha dirigido pela televisão aos japoneses para lhes transmitir coragem, naquele que classificou como "desastre de uma escala sem precedentes".
Vestidos de maneira informal, em tons escuros, o casal falou com algumas pessoas. Um encontro raro que relembra as visitas feitas após os sismos de Kobe, em 1995, e Niigata, em 2004.
Tóquio abriu três centros de refugiados, onde se encontram cerca de 600 pessoas. Centenas de milhares continuam em abrigos temporários por todo o país.
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Japão continua sob a ameaça nuclear
No mar ao largo de Fukushima foi encontrada iodina radioativa com índices cerca de 3 mil vezes mais que o estipulado pela lei. Os trabalhos para conter as radiações na central nuclear deixam a descoberto erros praticamente constantes. O governo japonês admitiu que as medidas em vigor são insuficientes para impedir os danos causados pelo sismo e pelo tsunami.
Um responsável da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão afirmou:
"As pessoas não bebem água do mar. Com as correntes, o material radioativo dissipa-se rapidamente. Como a iodina 131 tem uma vida média de oito dias, mesmo que seja encontrada uma alta concentração de material radioativo nos produtos vindos do mar, quando forem consumidos os níveis terão baixado consideravelmente".
As costas das províncias de Aomori, Iwate, Miyagi e Fukushima foram as mais afetadas e onde se registam a maior parte dos 11 mil mortos e mais
de 17 mil desaparecidos confirmados no desastre de 11 de março.
O maremoto inundou 443 quilómetros quadrados nas quatro províncias, sendo que um quarto deste território estava ocupado por áreas comerciais e residenciais.
Na aldeia de Rikuzenkata mais de 75 por cento dos edifícios desapareceram e 40 por cento da população morreu ou está desaparecida.
"Não nos vamos recompor tão cedo, mas todos temos de fazer a nossa parte para voltar ao normal", disse um sobrevivente da aldeia.
A França e os Estados Unidos já enviaram técnicos para ajudarem a resolver a gravíssima crise nuclear da central de Fukushima e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, desloca-se a Tóquio quinta-feira.
Este trabalhador não sabe se vão ter todas as peças para retomar a produção mas já fica contente se a fábrica permanecer aberta. Outro interroga-se apenas quanto ao futuro.
A situação no Japão obrigou a Toyota a encerrar outras fábricas através do mundo como a de San Antonio, nos Estados Unidos, devido a problemas de fornecimento. A quebra total na produção da marca deverá atingir os 140.000 veículos.
A produção do Prius, do CT200h e do Lexus HS250h foi retomada nas fábricas de Tsutsumi e de Kyushu mas será de novo suspensa por um dia na quarta-feira. O primeiro construtor mundial adiou entretanto o lançamento do Prius wagon e do Prius minivan agendados para finais de Abril.
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Economia afetada no Japão
Historicamente, nenhum país sofreu tantas catástrofes em tão pouco tempo como o Japão: um sismo, um tsunami, uma crise nuclear...não há dúvida de que o país precisa de tempo para se reerguer. Principalmente em termos de dívida pública, que atinge 200% do PIB. O crescimento já era negativo antes da sucessão de desastres.
Muitas fábricas e empresas desapareceram do mapa, e a produção de diferentes setores está afetada. O governo avisou que o que aconteceu vai ter um garnde impacto económico.
Calcula-se que a fatura da reconstrução ascenda a 180 mil milhões de dólares, o que representa 3 a 5% do PIB, mais de 80 mil milhões do que no sismo de Kobe.
Reconstruir cada central tem um custo de 5 mil milhões de dólares.
A produção industrial pode retroceder entre 5 a 25% este ano.
O tsunami devastou a costa do Pacífico, principlamente na região de Tohoku, com uma participação de 8% do PIB desta terceira economia mundial, e de Kanto, que abrange toda a metrópole de Tóquio. Aqui fala-se de 40% do PIB.
Com o setor nuclear em plena crise, as necessidades energéticas do país não estão garantidas, e a situação pode prolongar vários meses.
A interrupção da produção industrial começa a notar-se. Muitas indústrias prevêem a falta de peças para fornecimento, com a consequente repercussão no estrangeiro. Os fabricantes nipónicos fornecem 40% dos componentes eletrónicos à escala mundial.
A reconstrução vai obrigar os japoneses a repatriarem os fundos investidos no estrangeiro, que em 2009, representavam 59% do PIB.
Outro fator de incerteza suplementar diz respeito à recuperação mundial.
A China pode vir a sofrer efeitos colaterais da catástrofe. O Japão é a primeira fonte das importações da China. No ano passado atingiram 177 mil milhões de dólares.
Apesar de tudo, alguns economistas lembram que as grandes tragédias podem ser um fator importante na hora da recuperação económica: os trabalhos de reconstrução multiplicam a procura.
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O Japão pode vir a nacionalizar a companhia Tokyo Electric Power, proprietária da central nuclear de Fukushima. O futuro da empresa, conhecida por TEPCO, tem sido incerto depois da tragédia de 11 de março. O sismo e o tsunami afetaram gravemente a central nuclear e provocaram fugas de radiação, cortes energéticos e evacuações de localidades inteiras. Face aos custos que se agigantam e à fúria dos populares, o governo japonês começa a avaliar a hipótese de nacionalizar a companhia.
Por outro lado, a TEPCO viu o seu valor bolsista derreter desde o dia 11 de março. As ações da companhia desvalorizaram 74 por cento. A bolsa de Tóquio suspendeu entretanto a transação dos títulos da energética.
Apesar das declarações do ministro delegado à Estratégia Nacional, Koichiro Gemba, que avançou a hipótese da nacionalização, no discurso oficial do governo esta não é uma questão urgente. A prioridade continua a ser a gestão da crise nuclear.
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Carros importados do Japão sofrem testes de radioatividade, uma medida para sossegar os consumidores.
É pelo menos essa a posição da Nissan de Taiwan que decidiu verificar os níveis de resíduos nucleares nos automóveis vindos do Japão, de forma a garantir risco zero para os potenciais compradores.
Um dos porta-vozes da construtora automóvel explica que estão a concentrar os testes nos sítios mais tocados pelos condutores, seis áreas que são mais frequentemente usadas pelos automobilistas e passageiros como é o caso dos puxadores.
Toyota, Honda e Nissan esforçam-se no entanto por garantir que os seus carros exportados não estão contaminados.
Os responsáveis afirmam que todas as unidade de produção estão distantes dos reatores – exceto por uma fábrica de motores da Nissan que se encontra em Fukushima.
Administrador da Nissan Motor, Carlos Ghosn, visitou ontem esta fábrica e declarou que a companhia retoma as suas atividades de produção só partir de meados de abril.
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O governo japonês impõe novas medidas de segurança em todos os reatores nucleares do país. O objetivo é evitar as falhas em série que se têm verificado em Fukushima Daiichi, onde estão a ser estudadas novas respostas às fugas radioativas.
Para reduzir essas emissões, os reatores poderão ser selados. Já para evacuar a água contaminada poderá ser usado um reservatório em terra ou um navio-cisterna no mar.
A alguns quilómetros desta central, uma outra começa a preocupar. Um porta-voz da agência nipónica para o nuclear revelou que foi visto fumo a sair do reator número 1 de Fukushima Daini.
O sismo e o tsunami fizeram mais de dez mil mortos e cerca de 17500 desaparecidos, de acordo com o último balanço oficial. A localidade de Minamisanriku, é uma das mais despojadas. Aqui morreram 400 pessoas e há 800 desaparecidos. Dez mil ficaram sem casa.
É o caso de Kazuaki Stou, um pescador de 30 anos. Conta que todas as noites, sonha com a vida antiga quando vivia em casa com a família. Quando acorda, apercebe-se que era um sonho e que a família foi levada pelo tsunami.
Entretanto, a agência internacional de Energia Atómica admitiu que a situação na central de Fukushima continua muito grave e marcou uma reunião sobre a segurança nuclear para Junho.
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Os imperadores do Japão visitaram um centro de refugiados do sismo e do tsunami. O imperador Akihito, de 77 anos, e a imperatriz Michiko, de 76, deslocaram-se ao Nippon Budokan, uma das mais conhecidas salas de concertos do Japão, agora convertida num abrigo para 300 pessoas.
Trata-se do primeiro face a face com os refugiados desde que a terra tremeu a 11 de Março. O imperador já se tinha dirigido pela televisão aos japoneses para lhes transmitir coragem, naquele que classificou como "desastre de uma escala sem precedentes".
Vestidos de maneira informal, em tons escuros, o casal falou com algumas pessoas. Um encontro raro que relembra as visitas feitas após os sismos de Kobe, em 1995, e Niigata, em 2004.
Tóquio abriu três centros de refugiados, onde se encontram cerca de 600 pessoas. Centenas de milhares continuam em abrigos temporários por todo o país.
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Japão continua sob a ameaça nuclear
No mar ao largo de Fukushima foi encontrada iodina radioativa com índices cerca de 3 mil vezes mais que o estipulado pela lei. Os trabalhos para conter as radiações na central nuclear deixam a descoberto erros praticamente constantes. O governo japonês admitiu que as medidas em vigor são insuficientes para impedir os danos causados pelo sismo e pelo tsunami.
Um responsável da Agência de Segurança Nuclear e Industrial do Japão afirmou:
"As pessoas não bebem água do mar. Com as correntes, o material radioativo dissipa-se rapidamente. Como a iodina 131 tem uma vida média de oito dias, mesmo que seja encontrada uma alta concentração de material radioativo nos produtos vindos do mar, quando forem consumidos os níveis terão baixado consideravelmente".
As costas das províncias de Aomori, Iwate, Miyagi e Fukushima foram as mais afetadas e onde se registam a maior parte dos 11 mil mortos e mais
de 17 mil desaparecidos confirmados no desastre de 11 de março.
O maremoto inundou 443 quilómetros quadrados nas quatro províncias, sendo que um quarto deste território estava ocupado por áreas comerciais e residenciais.
Na aldeia de Rikuzenkata mais de 75 por cento dos edifícios desapareceram e 40 por cento da população morreu ou está desaparecida.
"Não nos vamos recompor tão cedo, mas todos temos de fazer a nossa parte para voltar ao normal", disse um sobrevivente da aldeia.
A França e os Estados Unidos já enviaram técnicos para ajudarem a resolver a gravíssima crise nuclear da central de Fukushima e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, desloca-se a Tóquio quinta-feira.
segunda-feira, 28 de março de 2011
Relatório da Amnistia Internacional sobre a pena de morte
A China, a Arábia Saudita, o Iémen, o Irão e os Estados Unidos são os países com maior número de execuções.
Nicolas Beger, diretor da Amnistia Internacional na Europa, divulgou hoje o relatório anual sobre a pena de morte :
"O mundo está a ir no bom sentido. Estamos a assitir a um grande movimento contra a abolição. Temos mais um país, o Gabão, em África, que aboliu a pena de morte. Mas também demos passos atrás. Os maiores ofensores dos direitos humanos são a China, líder das execuções mundiais, mas também o os Estados Unidos, o Iémen, a Arábia Saudita e o Irão."
A China está à frente de todos os outros países em termos de execuções ao ponto de, este ano, a Amnistia ter evitado fazer estimativas, porque os números oficiais têm ficado sempre muito longe da realidade.
Sabe-se que são milhares e acontecem depois de processos sumários por crimes como fraude, roubo ou tráfico de droga.
Até agora, 96 países aboliram a pena de morte, outros 34, na prática, são abolicionistas, mas 56 continuam a praticar. Entre eles, a Arábia Saudita, com 27 execuções em 2010, os Estados Unidos com 46, o Irão com, pelo menos 252 e a China, com milhares, é o país com mais execuções.
Há 10 anos que a pena de morte tem estado a diminuir nos Estados Unidos. Há alguns dias, o Estado do Illinois foi o 16° a abolir a pena capital. E o debate continua aceso em todos os estados norte-americanos. Em 2010 foram pronunciadas 110 condenações à morte por homicídio.
O Irão, como a China, também é suspeito de minimizar os números oficiais, que serão o dobro dos anunciados. E no Irão, os enforcamentos são resultado de discutíveis sentenças por crimes como a homossexualidade e o adultério. E as vítimas também são as mulheres e as crianças.
Editoria:
amnistia internacional,
pena de morte
domingo, 27 de março de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
Preço da guerra na Líbia
Preço da guerra na Líbia - Maria João com produção de Beatriz Beiras para a euronews
Dezenas de caças bombardeiros estão em constante vaivém das suas bases para o céu da Líbia, para renovar as munições, combustível e pilotos. Quanto vai custar o estabelecimento e vigilância de uma zona de exclusão aérea na Líbia? Vai depender da duração da campanha, mas os especialistas já fazem cálculos.
Um mês de zona de exclusão aérea na Líbia custa 353 milhões de euros, segundo o Centro de Avaliação Estatégica e Orçamental em Washington.
No passado, americanos, britânicos e franceses assim como a NATO, estabeleceram zonas de exclusão aérea que dão a ideia do custo.
Por exemplo, a zona de exclusão aérea no Kosovo, de Março a Junho de 1999, custou 1,3 mil milhões de euros.
As duas zonas de exclusão aérea no norte e no sul do Iraque entre 1991 e 2003 custaram em média 500 milhões e 700 milhões de euros por ano.
Para garantir a zona de exclusão é preciso destruir as defesas anti-aéreas no solo. Até terça-feira tinham sido lançados 162 mísseis tomawhawks das bases americanas no mediterrâneo. Esses mísseis teleguiados são caros..
Um missil Tomahawk americano custa cerca de 402 mil euros. Um AASM utilisé par les français, coute entre 300 mil e 350 mile euros.
A hora de voo do caça Rafale, sem contar com o combustível, eleva-se a 10 mil a 13 mil euros no A fatura do Mirage fica entre 10 mil e 11 mil euros por hora.
A hora de voo do bombardeiro furtivo B-2 custa 7 mil euros. Este avião "invisível" da base de Whiteman, Missouri, tem de fazer 25 horas de voo para largar bombas na Líbia. É abastecido em pleno voo com combustível que fica também muito caro.
quinta-feira, 17 de março de 2011
Operações de arrefcimento em Fukushima Daiici
Japão: operações de arrefecimento centradas no reator 3 de Fukushima Daichi ver aqui
quarta-feira, 16 de março de 2011
A difícil sobrevivência
O Imperador Akihito fez um discurso à nação, o que só acontece em situações raras e graves, mas muitos japoneses não puderam ouvi-lo porque estão a viver ao relento, com temperaturas abaixo de zero..
O momento está a ser comparado à mensagem proferida pelo pai, o imperador Hirohito, na rádio a 15 de agosto de 1945, depois dos bombardeamentos atómicos.
Há meio milhão de pessoas a viver em abrigos improvisados.
Em Otsushi, na prefeitura de Iwate, viviam 16 mil pessoas e só oito mil estão assinaladas, a dormir ao relento, enquanto procuram familiares ou em ginásios e outras estruturas mais resistentes.
Uma jovem mãe traduziu as preocupações de todos:
"Dão-nos uma tijela de sopa ou um bocado de pão e alguns snacks. Estou um pouco preocupada por a minha filha não estar a ser bem nutrida. No entanto, é melhor comer pouco do que nada. "
A lista de desaparecidos não é oficial porque muitos corpos encontrados já não estão identificáveis ou não há quem os identifique e os japoneses continuam ainda a procurar muitas pessoas que faltam.
Os reencontros, as boas e más notícias, tudo tem sido muito lento.
Um casal procurou o filho desde sexta-feira...depois de tantos dias e de tudo ter vasculhado perdeu qualquer esperança de o encontrar com vida. Nas imagens que a euronews transmitiu, o pai profere o nome de modo lancinante, ecoa o nome entre as ruínas...é horrível, é triste.
Mas milagres continuam a acontecer, apesar da tragédia que provoca os encontros e desencontros.
No caso de um jovem médico optimista, a história correu bem: atravessou o país mas encontrou a mulher num longínquo hospital, mesmo a tempo de assistir ao parto.
Alerta nuclear
Depois de quatro a cinco telefonemas por dia não posso deixar de falar sobre o Japão.
A família Amakasu sobrevive em museus e bancos - a aprte luso-nipónica já está a viver no Porto.
Mas os familiares estão fechados em casa porque o alerta nuclear é sério, é preciso vedar as janelas e todas as entradas de ar nos apartamentos, retirar quadros das paredes, desfazer armários, armazenar máscaras cirúrgicas para molhar e colocar na boca para filtrar o ar radioativo.. Todos armazenaram garrafões de água, alimentos, e iniciaram um jejum taoista para se identificarem com a natureza.
A família Amakasu sobrevive em museus e bancos - a aprte luso-nipónica já está a viver no Porto.
Mas os familiares estão fechados em casa porque o alerta nuclear é sério, é preciso vedar as janelas e todas as entradas de ar nos apartamentos, retirar quadros das paredes, desfazer armários, armazenar máscaras cirúrgicas para molhar e colocar na boca para filtrar o ar radioativo.. Todos armazenaram garrafões de água, alimentos, e iniciaram um jejum taoista para se identificarem com a natureza.
terça-feira, 15 de março de 2011
Forças de Khadafi recuperaram bastiões rebeldes
As imagens que vão chegando de Tripoli não são gravadas livremente e mostram a cidade aparentemente calma em relação ao caos que se viveu quando o regime de Kadhafi estava prestes a cair na ofensiva dos insurgentes.
As forças leais a Kadhafi conseguiram inverter a situação e reconquistaram várias cidades rebeldes com todo o arsenal ao dispor.
Há uma guerra civil em curso, mas em Tripoli não se vê nada, como assegurou o correspondente e chefe da equipa árabe da euronews, Ryad.
"Foi aqui que Kadhafi pronunciou o discurso em que prometeu incendiar a Líbia. Mas, em Trípoli, a capital do país, nada indica que há guerra noutros pontos do país, como em Ras Lanouf ou Zawiyah."
Na capital, os pró-Kadhafi são os únicos que se atrevem a falar. O risco é demasiado grande para os outros. As forças governamentais reprimem violentamente qualquer oposição com detenções arbitrárias, desaparecimentos e tortura.
O medo e a propaganda são usados como armas de guerra psicológica, tão letais como as de fogo. O porta-voz do exército, no fim de semana, demonstrou como funciona:
"Está tudo muito bem, a maioria das cidades atacadas foi libertada. Nem sequer foi necessário uma grande ofensiva, porque não passam de um bando de ratos a aterrorizar os civis. Em todas as cidades em todas as zonas onde chegam as Forças Armadas do Povo, eles limitam-se a levantar as mãos e a render-se."
Nem os protestos internacionais, nem o embargo sobre as armas ou as sanções financeiras...nada parece travar a determinação de Khadafi, que, de qualquer modo, prometeu morrer como mártir na Líbia natal. E tem meios para esmagar a revolta. Mesmo que renuncie aos bombardeamentos tem supremacia militar em realção aos rebeldes.
Kadhafi também conta com o apoio incondicional das temidas milícias. A famosa quinta brigada, conhecida como Brigada Khamis, está especialmente bem equipada e treinada.
Também há um aparelho de segurança interna, os mercenários e os apoios tribais.
Toda uma rede de pessoas dispostas a darem a vida pelo regime.
domingo, 6 de março de 2011
quinta-feira, 3 de março de 2011
artigo de interesse público de Pedro Afonso, psiquiatra
Artigo de Pedro Afonso, Médico Psiquiatra - publicado no jornal " Público" a 21-06-2010, de Leitura Obrigatória
A saúde mental dos portugueses
Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos,criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade.
Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos.
Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos.
Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que,humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes
perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público.
Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.
Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo,criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.
E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.
Pedro Afonso
Médico psiquiatra
A saúde mental dos portugueses
Alguns dedicam-se obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Recentemente, ficámos a saber, através do primeiro estudo epidemiológico nacional de Saúde Mental, que Portugal é o país da Europa com a maior prevalência de doenças mentais na população. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica (23%) e quase metade (43%) já teve uma destas perturbações durante a vida.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque assisto com impotência a uma sociedade perturbada e doente em que violência, urdida nos jogos e na televisão, faz parte da ração diária das crianças e adolescentes. Neste redil de insanidade, vejo jovens infantilizados incapazes de construírem um projecto de vida, escravos dos seus insaciáveis desejos e adulados por pais que satisfazem todos os seus caprichos, expiando uma culpa muitas vezes imaginária. Na escola, estes jovens adquiriram um estatuto de semideus, pois todos terão de fazer um esforço sobrenatural para lhes imprimirem a vontade de adquirir conhecimentos, ainda que estes não o desejem. É natural que assim seja, dado que a actual sociedade os inebria de direitos,criando-lhes a ilusão absurda de que podem ser mestres de si próprios.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque, nos últimos quinze anos, o divórcio quintuplicou, alcançando 60 divórcios por cada 100 casamentos (dados de 2008). As crises conjugais são também um reflexo das crises sociais. Se não houver vínculos estáveis entre seres humanos não existe uma sociedade forte, capaz de criar empresas sólidas e fomentar a prosperidade. Enquanto o legislador se entretém maquinalmente a produzir leis que entronizam o divórcio sem culpa, deparo-me com mulheres compungidas, reféns do estado de alma dos ex-cônjuges para lhes garantirem o pagamento da miserável pensão de alimentos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque se torna cada vez mais difícil, para quem tem filhos, conciliar o trabalho e a família.
Nas empresas, os directores insanos consideram que a presença prolongada no trabalho é sinónimo de maior compromisso e produtividade.
Portanto é fácil perceber que, para quem perde cerca de três horas nas deslocações diárias entre o trabalho, a escola e a casa, seja difícil ter tempo para os filhos.
Recordo o rosto de uma mãe marejado de lágrimas e com o coração dilacerado por andar tão cansada que quase se tornou impossível brincar com o seu filho de três anos.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque a taxa de desemprego em Portugal afecta mais de meio milhão de cidadãos.
Tenho presenciado muitos casos de homens e mulheres que,humilhados pela falta de trabalho, se sentem rendidos e impotentes
perante a maldição da pobreza. Observo as suas mãos, calejadas pelo trabalho manual, tornadas inúteis, segurando um papel encardido da Segurança Social.
Interessa-me a saúde mental dos portugueses porque é difícil aceitar que alguém sobreviva dignamente com pouco mais de 600 euros por mês, enquanto outros, sem mérito e trabalho, se dedicam impunemente à actividade da pilhagem do erário público.
Fito com assombro e complacência os olhos de revolta daqueles que estão cansados de escutar repetidamente que é necessário fazer mais sacrifícios quando já há muito foram dizimados pela praga da miséria.
Finalmente, interessa-me a saúde mental de alguns portugueses com responsabilidades governativas porque se dedicam obsessivamente aos números e às estatísticas esquecendo que a sociedade é feita de pessoas.
Entretanto, com a sua displicência e inépcia, construíram um mecanismo oleado que vai inexoravelmente triturando as mentes sãs de um povo,criando condições sociais que favorecem uma decadência neuronal colectiva, multiplicando, deste modo, as doenças mentais.
E hesito em prescrever antidepressivos e ansiolíticos a quem tem o estômago vazio e a cabeça cheia de promessas de uma justiça que se há-de concretizar; e luto contra o demónio do desespero, mas sinto uma inquietação culposa diante destes rostos que me visitam diariamente.
Pedro Afonso
Médico psiquiatra
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