segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O rei que vai nu

 
A Líbia tem um chefe de estado e um chefe de governo que ninguém conhece. O líder da Líbia não tem legitimidade oficial, apesar de ter retratos em todas as ruas do país, se tenha autoproclamado coronel, guia da revolução e rei dos reis, Muammar Khadafi.
 
Chegou ao poder através de um golpe de estado contra o rei Idris I em 1969.Tinha 27 anos e ia mudar completamente a imagem da Líbia.
Em 1977, Khadafi proclamou a revolução do povo, mudou o nome do país e colocou em marcha os comités revolucionários para substituir os partidos políticos.
 
41 anos mais tarde, sem nunca ter sido eleito - as eleições foram banidas - sem ter nenhuma função oficial, continua a dirigir o estado de seis milhões de habitantes, a concentrar o poder executivo e a proibir qualquer crítica ou oposição ao regime. Como Mao Tsé Tung ou Hitler, Khadafi também escreveu a bíblia do regime, "O livro verde", uma mistura de socialismo e democracia directa.
 
Recentemente, quando sentiu o vento da revolta a soprar, fez algumas concessões: deu ajudas para os artigos de primeira necessidade e facilitou o crédito. A política de Khadafi, ao longo dos anos, permitiu melhorar as condições de vida dos líbios e alguns avanços sociais, nomeadamente para as mulheres.
Há uma lei de 1984 que proibe a poligamia, autoriza o divórcio e defende, entre outras coisas, o casamento livre.

O contraste entre os avanços sócio-económicos e a regressão política é enorme.
Não só os partidos políticos estão interditos como também os sindicatos e as ONG's são toleradas apenas se obedecerem aos princípios da revolução. Os comités revolucionários são baseados na família que forma tribos que constituem a sociedade.

Uma sociedade tribal em que os elos parentais e familiares determinam tudo, até as equipas de futebol.
O que complica as alianças políticas e a oposição, até mesmo a organização de uma contestação. 
 
Khadhafi perseguia o velho sonho de fundar os Estados Unidos de África e de imprimir a teoria da própria revolução no continente. Mas a elite no poder começou a mostrar desconforto, nomeadamente por causa de dois filhos do líder, um revolucionário e outro reformador, favorável à criação de uma sociedade civil. 
 

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