Farzana deve ter tido medo, deve ter sentido uma imensa tristeza pelo feto no ventre que não iria nascer, pelo amor que não poderia viver e pelo próprio pai que ardilou a vingança dos fracos e ignorantes no Paquistão. Havia duas mulheres entre os carrascos....
Farzana viu o seu amor (um viúvo, uma fácil presa do destino) manietado, seguro por mãos ardilosas, pontapeteado nos rins e humilhado como um cão assassino enquanto era apedrejada até a morte com tijolos e outros materiais de construção na terça (27), na cidade de Lahore, por um grupo de cerca de 20 pessoas, incluindo seus irmãos, pai e primos, de acordo com a polícia. Após prender o pai da vítima, a polícia procura pelos outros criminosos. Teoricamente a história será sempre esta. Procura.
Agora é fácil acusar o marido, que não comeu durante três dias e três noites, chorou com a fotografia da mulher nas mãos e foi levado para confessar que matou a primeira mulher para se unir ao amor da sua vida. Confessar sob tortura deve ser tão fácil como se adivinha. Sempre defendi prisioneiros de consciência em todo o mundo, porque integro a Amnistia Internacional desde o grupo do Zé Costa Cabral na Escola Náutica. Fiz vigílias e recebo relatórios....
Neste caso, o casamento enfureceu a família da paquistanesa, explicou Iqbal (o marido), e eles exigiram o pagamento de mais 100 mil rúpias para não matar o casal. Iqbal, agricultor de uma aldeia em Jurranwala, Punjab, não tinha o dinheiro. A família, então, levou o caso aos tribunais, acusando o homem de ter sequestrado Farzana. Segundo o advogado Mustafa Kharal, Iqbal e sua mulher foram surpreendidos pelos parentes de Farzana que a aguardavam do lado de fora do tribunal. Enquanto o casal caminhou até o portão principal, parentes da vítima começaram a disparar tiros para o ar e tentaram arrancá-la dos braços de Iqbal. Ao resistir, a paquistanesa começou a ser golpeada pelo pai, irmãos e outros parentes com tijolos, pedaços de pau e outros materiais encontrados numa construção.
Eu sou Mãe ocidental e orgulhosamente livre, Ai do energúmeno que apedrejasse até à morte a minha Farzana. Eu não escreveria a notícia e muito menos um livro. Seria apedrejada também.
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