sábado, 7 de dezembro de 2013

Blasfémia pura

Será, oh Mãe de Deus 
que O criámos?
Blasfema e simples
pergunto:
onde está o meu último defunto
para onde foram
os amores da minha vida?
Porque estarão bem
se fiquei ferida?

Na guerra
levamos os camaradas
como podemos
às vezes em braços
arrastados, mutilados
outras vezes
apenas cansados
do desespero dos atropelos
da desumanidade.

Não morremos
nunca morremos
mas criámos um universo
que é um hospital de sobreviventes
um Paraíso
repartido e indecente
entre o Mundo do Mal
e a Mãe
que somos nós
de um Universo sem igual.


                                                       Maria João Carvalho

1 comentário:

Anónimo disse...

Gosto.
Abraço
Eduardo Aroso