O desafio é simples, consiste em escolher 5 situações da vida para passar em câmara lenta.
Depois, é só passar o desafio a 12 blogs e informá-los.
Ora bem, cá vão as minhas cinco memórias (e suplemento):
1 - - O dia em que percebi que as palavras não reinventavam o mundo, estava com outros miúdos num casamento e disse (como se soubesse o que queria dizer:) "um dia tive um grande plano"... e os outros perguntaram "ai sim? Então conta"... e eu inventei uma história de um cão vagabundo enquanto me consolava com o olhar de admiração dos outros piquenos, inclusivé do meu mano Zé Mau. Não fazia ideia do que era "plano"... mas deu-me muito gozo pronunciar a palavra. No fim da história, não fiquei a saber...
2 - Quando aprendi os caminhos de ferro na segunda classe, fiz uma mochila para ir correr mundo, onde coloquei laranjas. A mochila foi encontrada e sempre que comíamos uma dessas laranjas à refeição o meu pai dizia (para castigo): "E agora vamos comer uma das laranjas que apareceram debaixo da cama da João por obra e graça do Espírito Santo". Ainda me matraca...
3 - O dia em que fui para Coimbra à boleia e depois, em vez de rumar à Figueira fui ver os Genesis a Lisboa. Apanhei um castigo exemplar de internamento em colégio de freiras. Tinha 13 anos. O meu pai foi preso em Caxias por motivos políticos pouco depois.
4 - Quando cobri a minha primeira guerra na ex-Jugoslávia e cheguei a casa, o Zé Mau perguntou-me: "já sabes manobrar uma Kalasnikov?" E abraçou-me e a minha testa mal tocava o seu peito. Quando ele morreu, fui chorar para a igreja do Tarrafal, em Cabo Verde, enquanto as Mamas criolavam o terço.
5 -Quando a Marta nasceu, eu não sabia que ia ter uma menina. Pensava que era um Afonso. Enquanto soluçava porque o riso já não bastava para exprimir tanta alegria, a médica perguntou: "que nome lhe dá?". E eu olhei para a minha mãe Marta, que assistiu ao parto... e não me ocorreu outro nome. Marta, apenas. Nem sequer Marta Afonso.
Suplemento:
Arranjei uma boleia de helicóptero na base da Força Aérea de Luanda para o Kwanza Norte, durante a guerra . Fui sentada em cima de um dos muitos sacos de kwanzas para pagar o salário em atraso, de três meses, aos polícias e militares. Mas tinha uma gastroentrite. Durante o caminho ainda fui abrindo a porta e vomitando... mas à chegada, fui desvairada a correr por um campo fora, para me aliviar, enquanto os médicos histéricos - que esperavam a boleia para regressar a Luanda - faziam sinais e abriam as maletas. Lá percebi: o campo estava todo minado. Cada vez que levantei um pé do capim, para voltar a pousá-lo na terra seca, olhei o céu na esperança de não despoletar nada. Foram cerca de 80 metros que me custaram uns parênteses estranhíssimos na minha vida.
O convite chegou-me pelo Esquissos da Dulce e eu enviei a
http://laurindaalves.blogs.sapo.pt/
http://my-cam-your-delight.blogspot.com/
http://mentesdespertas.blogspot.com/
http://insensocomum.blogspot.com/
http://paulodamaso.blogspot.com/
http://elvirabistrot.blogspot.com/
http://papelustro.blogspot.com/
amanhã continuo até aos 12, prometo
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1 comentário:
Olá, Maria João.
Obrigado pela tua visita e pela escolha do meu despretensioso blogue. Ah, grande banda, os Genesis.
abraço
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