terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Natal lusonipon

Hoje é Dia de Natal. Fiz o presépio, acendi velas, fui à Missa do Galo - Natal não é Natal sem Missa do Galo e sem batismo dos mais novos nos Bombeiros Voluntários. Contei a história dos reis Magos à minha sobrinha "lusonipon" e fiz mesmo uma variaçãozinha e disse-lhe que um dos Reis Sábios, perdão, Magos, vinha do Império do Sol Nascente - aliás, ela achou absolutamente lógico porque havia um que não vinha de camelo...
Li as mensagens dos amigos no androide, no telemóvel velho português, no facebook e no gmail, mas nada mudou de ontem para hoje.
Fiz tudo, como a minha Yumiko que, no final da história, ainda cansada da distribuição dos presentes que o Pai Natal deixou antes de ela chegar, perguntou: "fiz tudo bem?".
Como uma mestre de cerimónias a quem não deve faltar um milímetro de chão ou céu na hora de dar valores. É o lado japonês. Como uma historiadora a quem não deve faltar a ligação do passado com o presente - lado português. E vice versa.  Afinal, somos todos tão iguais ou tão parecidos. Como reflexos de um espelho (não num, mas de um), com nuances, conforme a luz incida....
A  guerra civil na Síria continua a ferir-nos a alma, quanto mais a tentamos negligenciar. Ao mesmo tempo, os meus amigos da Bósnia lembram-se que o livro que pedi esteve esgotado e prometem-me a surpresa depois do Natal. Não sei que pense: Sarajevo, para mim, era passado e hoje está demasiado perto de Damasco.
O padre, este ano, falou muito de solidariedade, fome e crise.
No sábado passado, roubaram os telemóveis e carteiras de todo o grupo coral que cantava na Igreja e deixou os haveres na Sacristia.
O mundo não acabou mas está doente. Por mim, nunca acreditei em tretas, claro, mas pedi ao meu Jesus, de quem celebrámos o aniversário neste Dia: Por favor, Menino Jesus, dá-nos uma aministia. Esta humanidade transgressora, cruel, desvairada e perdida, precisa que lhe perdoem para começar de novo. Amnistia-a.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Jean-Baptiste Garon - Heroi Sem Tempo/Héros pressé






Morreu um dos pintores a quem acompanhei o percurso desde o seu início em Portugal: Jean-Baptiste Garon. Quis comprar-lhe uma obra, um dia, que me marcou para a vida, mas estava vendida: Salomé com a cabeça de São João na bandeja, história bíblica que foi tema para essa primeira exposição em  Buarcos. 
Jean-Baptiste tratava-me pour "Petite soeur".
Integrava o movimento PSL - Pintores Sem Limites e com companheiros como o Filinto, o Seixas Peixoto, o Mestre Mário Silva, viveu um dos períodos mais felizes da sua breve mas intensa vida. Comprei-lhe algumas obras, em fases melhores e piores, e, mesmo em França, tenho dois quadros dele na sala.  A sua última fase, de grande sofrimento com o mesmo tipo de cancro que matou a minha irmã, também sua amiga e companheira na Arte, foi marcante para todos os franceses que conheceram a sua obra em Montpellier. Foi surpreendente a adesão do público e dos responsáveis culturais à vista de 14 quadros surpreendentes. Muitos faziam alusão à violência da Festa Brava, muito apreciada no sul de França, muito bem retratada no quadro que serviu de apresentação no folheto da apresentação. Jean-Baptiste não questionava o mundo por causa do mal de que sofria, mas pelo mal de que sofria a humanidade e que fazia o homem ao próprio homem, a morte que, como garras nos sai das unhas e se afia em pescoços frágeis de crianças, já com os anjos a sorrirem com o mergulho para o Alto.  
O grito de Jean-Baptiste, não precisou da mais elementar palavra para se exprimir. Foi com um pincel que nos triturou o coração. 



trad: Pierre le Duff 
Un peintre dont j’ai accompagné le parcours depuis son commencement au Portugal est mort aujourd’hui : Jean-Baptiste Garon. Un jour, j’ai voulu acheté une de ses œuvres, qui m’a marquée à vie, mais elle était déjà vendue : Salomé avec la tête de Saint Jean sur un plateau, histoire biblique qui fut le thème de cette première exposition à Buarcos.
Jean-Baptiste m’appelait « Petite sœur ».
Il a intégré le mouvement PSL – Peintres Sans Limites et avec des camarades comme Filinto, Seixas Peixoto, le Maître Mario Silva, il a vécu l’une des plus belles périodes de sa vie courte mais intense. Je lui ai acheté quelques œuvres, à des périodes heureuses ou difficiles, et même en France, j’ai deux de ses tableaux dans mon salon. Sa dernière phase, de grande souffrance à cause du même type de cancer qui a emporté ma sœur  - elle aussi son amie partageant la même passion de l’art – fut marquante pour tous les Français qui ont connu son œuvre à Montpellier. L’adhésion du public et des responsables culturels fut toute aussi surprenante que ses 14 tableaux. Beaucoup faisaient allusion à la violence de la tauromachie, très appréciée dans le Sud de la France, et qui était très bien représentée dans le tableau utilisé pour la brochure de l’exposition. Jean-Baptiste n’interrogeait pas le monde à cause du mal dont il souffrait, mais à propos de celui qui ronge l’humanité et qui donne à l’homme son caractère humain, la mort qui, comme des griffes, nous sort des ongles pour s’affûter sur des cous fragiles d’enfants, avec les anges qui lui sourient déjà en plongeant dans l’au-delà.
Le cri de Jean-Baptiste n’avait pas besoin du moindre mot pour s’exprimer. C'était avec un pinceau que il nous a triturait le cœur.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Silent Night Revisited by Francis

http://www.youtube.com/watch?v=ynYXvlcJZb8

Silent Night Revisited by Francis Mann....lindo.

E eu lá estou de figurante...eh...eh... Feleiz Natal a todos, como diz o músico: in peace.